A minha desforra são palavras. Levanto-me de manhã amarrotado pelo peso inclemente das mentiras e vazo no real outro real das letras que ninguém vislumbrará. O pássaro que canta é uma palavra, é uma carta escrita a este, àquele, que me saiu do lápis da amargura; tudo se refaria se jamais feita fosse alguma coisa que a minha mão não desse. Desforro-me sem gosto. Desforro-me sem gasto, acorrentado ao que me vem de trás e ao que virá e que não sei se quero. Pedro Tamen