um fusil com balas de insulto pede-me a pontaria certa para a queda. a ferida entreaberta que desce o corpo , atabalhoadamente , sem cores, talvez rubra , talvez não , chama-me. doem-me as mortes , até as verdadeiras. como se fossem falsas , como se me agonizassem sem que eu peça que mintam. são mentira, as balas de insulto , de fel insulto. é mentira a arma com que se dispara a emoção , ou as rajadas de emoção. a inércia dá à costa , e as lágrimas dispõem-se em areal para a receber. então eu marco um lanche na minha agenda. um lanche comigo mesmo, ao qual não chegarei a tempo. tenho fome, tenho fome de um fusil de verdade. Nuno Travanca