(gentileza de Amélia Pais) O pólen de ouro que arde no recesso das corolas, no segredo dos pistilos; a visão musical de outros tranqüilos céus onde o amor esteve ( ou está ) disperso; a secreta palpitação de uma beleza mais casta, de uma luz que se anuncia, trazem-me a sensação do próprio dia, numa contemplação que é mais certeza. Certeza? Antes, o supremo encantamento de quem renasce com as manhãs, em luminosa plenitude, e as vê morrer, frágeis, ao vento. A poesia é o dia reinventado. E nós, que tanto sonhamos ao criá-la, não nos lembramos mais de haver sonhado. Alphonsus de Guimaraens Filho