agora o outono chega, nos seus plácidos meneios pelas vinhas, um dos vizinhos passa um cabaz de maçãs por sobre a vedação: redondas, verdes, o seu perfume vai dentro de quinze dias ser mais forte. a noite cai mais cedo e apetece guardar certos vermelhos da folhagem e amarelos e castanhos nas ladeiras de setembro. a rádio fala no tempo variável que vem aí dentro de dias. talvez caia uma chuvinha benfazeja, a pôr no ponto certo os bagos de uva. e há poalhas morosas, mais douradas. aproveita-se o outono no macio enchimento dos frutos para colhê-lo a tempo. devagar, devagar. é mais doce no outono a tua pele. Vasco Graça Moura