Há nos silvos que as manhãs me trazem chaminés que se desmoronam: são a infância e a praia os sonhos de partida Abrir esse portão junto ao vento que a vida aquém ou além desta me abre? Em queoutro mundo ouvi o rouxinol tão leve que o voo lhe aumentava as asas? Onde adiava ele a morte contra os dias essa primeira morte? Vinham núpcias sem conto na inconcebível voz Que plenitude aquela: cantar como quem não tivesse nenhum pensamento. Quem me deixou de novo aqui sentado à sombra deste mês de junho? Como te chamas tu que me enfunas as velas da memória ventilando: «aquela vez...»? Quando aonde foi em que país? Que vento faz quebrar nas costas destes dias as ondas de uma antiga música que ouvida obriga a recuar a noite prometida em círculos quebrados para além das dunas fazendo regressar rebanhos de alegrias abrindo em plena tarde um espaço ao amor? Que morte vem matar a lábil curva da dor? Que dor me faz doer de não ter mais que morrer? E ouve-se o silêncio descer pelas vertentes da tarde chegar à boca da noite e responder Ruy Belo