Amanhecer
Sopra rijo o tufão. É madrugada.
No céu pingos de luz a cintilar.
Surge no oriente uma luz encarnada
Ofuscando as estrelas e o luar.
Manhã risonha e assaz movimentada.
Na fronde o pintassilgo a entoar
Trinados meigos. Toda a passarada
Os ares cinde como a vela o mar.
O vaqueiro aboiando uma ária triste
Vai no cavalo baio de gibão
Tocando o gado que já não resiste
À seca. Em frente, de enxada na mão,
O bravo lavrador ara e persiste,
Olhando o céu à espera do trovão.
F. Silveira Souza
Publicado em 1 de Maio de 2009