A manhã
(gentileza de Amélia Pais)
A manhã nasce entre as muitas janelas
invadindo meu corpo fatigado,
sededos meus caminhos sem cancelas,
na luz de muitos astros albergados.
Casa onde me recolho das mazelas,
dos louros, derroteiros, lado a lado,
para ouvir de mim, franco, das seqüelas:
Ecce Homo! Eis o triste camuflado.
Essa tristeza de há muito em residência
às vezes se constrói em face alegre,
máscara sem eu mesmo em aparência
num carnaval escuro no seu frege.
O que me salva, cor nessa vivência,
é saber que a poesia é quem me rege.
Aníbal Beça
Publicado em 27 de Agosto de 2009