FIVE O'CLOCK TEAR Coisa tão triste aqui esta mulher com seus dedos pousados no deserto dos joelhos com seus olhos voando devagar sobre a mesa para pousar no talher Coisa mais triste o seu vaivém macio p'ra não amachucar uma invisível flora que cresce na penumbra dos velhos corredores desta casa onde mora Que triste o seu entrar de novo nesta sala que triste a sua chávena e o gesto de pegá-la E que triste e que triste a cadeira amarela de onde se ergue um sossego um sossego infinito que é apenas de vê-la e por isso esquisito E que tristes de súbito os seus pés nos sapatos seus seios seus cabelos o seu corpo inclinado o álbum a mesinha as manchas dos retratos E que infinitamente triste triste o selo do silêncio do silêncio colado ao papel das paredes da sala digo cela em que comigo a vedes Mas que infinitamente ainda mais triste triste a chávena pousada e o olhar confortando uma flor já esquecida do sol do ar lá de fora (da vida) numa jarra parada Emanuel Félix Borges da Silva