Ah! as coisas incríveis que eu te contava assim misturadas com luas e estrelas e a voz vagarosa como o andar da noite! As coisas incríveis que eu te contava e me deixavam hirto de surpresa na solidão da vila quieta!... Que eu vinha alta noite como quem vem de longe e sabe o segredo dos grandes silêncios - os meus braços no jeito de pedir e os meus olhos pedindo o corpo que tu mal debruçavas da varanda!... (As coisas incríveis eu só as contava depois de as ouvir do teu corpo, da noite e da estrela, por cima dos teus cabelos. Aquela estrela que parecia de propósito para enfeitar os teus cabelos quando eu ia namorar-te...) Mas tudo isso, que era tudo para nós, não era nada da vida!... Da vida é isto que a vida faz. Ah! sim, isto que a vida faz!... - isto de tu seres a esposa séria e triste de um terceiro oficial de finanças da Câmara Municipal!... Manuel da Fonseca