Na praia o vulto do pescador É mais denso que a noite... E enquanto espera A sua ânsia solidifica em concha E sonoriza os ventos livres do mar. E enquanto espera A sua ânsia descobre os passos da maré na praia e o sono do borco das canoas. É manha e o pescador ainda espera e enquanto o mar Não lhe devolve o seu corpo de sonhos Num lençol branco de escamas Um torpor de baixa-mar Denuncia algas nos seus ombros. Arnaldo Santos