O poder está solto É um louco nas ruas um louco maneiroso nos palácios e governamental perto da aurora Mas esta é de jardins impressões digitais cárceres sujos violências no arame de secar e secretos rancores América da aurora onde colhi o cravo de teu nome E te guardo em sobressalto e corro amedrontado pelo peito O poder está solto casa a casa ou nas armas de um reino precavido Está no telefone ouvindo o amor e o suspeitoso ar de quem vigia pelas telhas subornos de vontade ou de fé silenciosa América era um pátio onde retive meu amor nos lábios O poder nos julgou e o desvendado mundo em nós Está solto o poder — é um animal América semeada no relincho de um cavalo Como prender o mar senão na praia? América do mar que me banhava O poder só se prende quando morde ou alastra seu recado América eu escavo outra América eu escavo as florestas este medo eu escavo os remendos da história escavo escavo o escravo que mói a palma de meus sonhos eu escavo o teu abismo e o ritmo do que te chama Não há coração igual ao teu E te escavo Não há poder Apenas cúmplices Carlos Nejar