Entre os meus amigos o amor é uma grande tristeza. Tornou-se um fardo diário, um festim, uma guloseima para loucos, uma fome para o coração. Visitamo-nos uns aos outros perguntando, dizendo uns aos outros. Não ardemos intensamente, questionamos o fogo. Não caímos para a frente com os nossos rostos vivos e ardentes a olhar para dentro do fogo. Fixamente olhamos para dentro dos nossos próprios rostos. Tornámo-nos as nossas próprias realidades. Procuramos esgotar a nossa absoluta incapacidade de amor. Entre os meus amigos o amor é uma questão dolorosa. Procuramos entre os rostos que passam a face da esfinge que apresentará o enigma. Entre os meus amigos o amor é uma resposta a uma questão que não chegou a ser colocada. Por isso coloquemo-la. Entre os meus amigos o amor é um pagamento. É uma dívida antiga cujo valor foi gasto de uma forma idiota. E continuamos a pedir emprestado uns aos outros. Entre os meus amigos o amor é um salário que qualquer um pode receber para ter uma vida honesta. Robert Duncan, versão de Luís Parrado