Não vim embarcado não me encontrei na rua não nos vimos não nos beijamos nunca parti Não sei que idade tenho Quando havia antes um antigamente havia uma esperança agora no próprio coração da ilusão onde a água limpa as pedras das ruínas entre destroços límpidos deito-me sobre a minha sombra e durmo e durmo Quando havia antes um amanhecer à beira do abismo agora no próprio coração do coração durmo estrangulando um monstro inerme um palhaço de palha seca e pálido quando havia antes um caminho Não houve nunca amigos nem, pureza Nem carinhos de mãe salvam a noite É preciso ir mais longe na incerteza É preciso no silêncio não escutar A manhã que eu procuro não foi sonhada Uma árvore me ignora na raiz Perfeitamente desesperado é o meu sonho Os pássaros insultam-me na cama Só com doidos com doidos amaria perfeitamente presente na frescura do mar António Ramos Rosa