a paixão devora olhos e corações de épocas e sentidos com que passamos horas e dias frios para chegarmos a esse tempo e encontrarmos o vazio de não havermos encontrado a pronúncia exata das palavras na maneira certa de dizer estamos aqui e a paixão permanece em nossos olhos embaçados em lágrimas de reconhecimento como naquelas horas e como serão em futuros tempos de mãos entrelaçadas chegamos sem esquecer e sobrecarregamos a memória e as lembranças com as imagens nas músicas em altos sons e perguntas presas em gargantas curtas de desejos e secura a nossa história recortada em quadros passados lentamente entre as lentes dos óculos que usamos e nos servimos para enxergamos o que não vimos cedo estávamos cegos em blindagens jovens e tínhamos a certeza de que as incertezas seriam dos caminhos as trilhas e as armadilhas que não nos pegariam na passagem essa paixão extravasa a hora fôssemos pessoas espiando o lado de fora de cada um meros espantalhos em hastes de empregos e desesperanças de que tudo termine logo após o instante em que os corpos se desencontrem somos mais que paixões ardentes dos dentes cravados das serpentes ávidos pelo fim da história. Pedro Du Bois