Meu amor, nos vapores dum café ao amanhecer, meu amor que inverno longo e que calafrio estar à tua espera! Cá aonde o mármore do sangue é gelo, e sabe a frescura até o olho, agora no ermo ruído além da geada eu que elétrico ouço, abrindo e fechando eternamente as portas desertas?... Amor, está parado o meu pulso: e se o copo no fragor subtil tem um tremor nos dentes, talvez seja o eco dessas rodas. Mas tu, amor, não me digas que agora em vez de ti está o sol brotando, não me digas que daquelas portas, eu cá, com teus passos, já estou a aguardar pela morte. Giorgio Caproni, trad. David Mourão-Ferreira