Do amor às palavras apenas resta costume. Faz-se rito o mistério e um deus inútil silencioso visita a paisagem devastada dos nossos sonhos. Em espelhos a arder olhamos o nosso rosto e a mão segura uma flor que é de gelo e cinza. Se nesse entardecer um pássaro cego cantar, que nos devolverá o seu canto se já a noite aguarda para arrancar dos nossos olhos a luz última do mundo? Abelardo Linares