O adjectivo? Que horror quando não é incisivo quando atira para o vago o pobre substantivo ou o circunda de um halo de um falso resplendor, em que o ouro utilizado não é ouro é só dourado! O sol assim captado é sol, mas sol de teatro, ouro em falsete, luz barata, e no prego não dá nada, que o prego não acredita (senão já estava falido) nesse ouro sem quilate que usam a valdevina e o poeta que se orna (que orneia, melhor diria) de luzidias mentiras, de poética poesia. Disse pouco do que queria na parte que antecede. Se é discursiva, a poesia também não serve... Voltando ao adjectivo (nada tenho contra ele): é melhor ficar despido, cosido co'a própria pele, do que pedir emprestada a piedosos enchumaços aquela largura de ombros que nos faz ginasticados, quando, em verdade, não temos mais ginástica do que essa em que somos atletas e que se resume apenas no aguentar alegre do peso quotidiano (pode ser que para o ano a terra nos seja leve). Tal como do mal o menos - e nesta regra redijo- antes quero sóbrios termos do que fingir que sou rico... Alexandre O'Neill