O lugar da vontade Non fu amore di altri e non il mio non fu il rigore di cui ti vanti. Devi alla cura dell'esistente l'arida scelta dell'addio. Gabriella Leto Para além da liberdade de conteúdo, de que falei em (IN)dependências, outra das vantagens da comunicação através dos blogues é a total capacidade de gestão dos tempos de participação (ou de escolha do silêncio). Esta é uma autêntica benção, porque escrever a horas certas deve ser, presumo, uma incontornável maçada quando, simplesmente, não apetece escrever e se tem esse compromisso. Acresce, no meu caso, uma terceira margem de liberdade, porque o meu blogue não é lido se não por duas ou três pessoas que acharam graça às referências aqui usadas e que, por isso mesmo, já são para mim uma espécie de destinatários implícitos. Não estou cotada em bolsas, não sou colunável, não serei nunca juiz do supremo, nem empregada certa de partidos ou confrarias, e pago com gosto o reverso dessa liberdade (posso escrever o que quiser, aqui, em livros, em artigos, que, como outsider, serei sempre desconhecida e inelegível). Por isso, vejo com alguma curiosidade o modo como algumas pessoas se mostram julgando esconder-se, e manobram como se fosse possível, por obra e graça de algum sobrehumano poder, controlar sempre tudo (o seu grau de exposição, o dos outros, os factos, as ideias sobre os factos). Os hábitos de poder e a perversidade da tentação ditatatorial podem ser, na verdade, ensaiados na mais indiscutível aparência libertária. Mas o lugar da vontade é inexpugnável. Nem que seja pelo recurso ao silêncio. AmAtA --------