Saber e gostar (ou vice versa) Escreve o Abrupto que, quando tiver tempo no meio das suas errâncias, me explicará porque razão "há que manter uma diferença entre a cultura e a criação como fruição estética, entre o que se gosta e o que se sabe". Aguardo com expectativa, porque gosto de o ler, e porque, the way I see it, as coisas se podem perspectivar quase ao contrário - só se pode gostar do que se conhece, e podem conhecer-se muitas coisas, pessoas e ideias, e chegar até elas por muitas e variadas formas, o que é , em última análise , irrelevante. Essa amálgama resultante é o nosso "acquis", aquilo que constitui a nossa "carga invisível", tão marcada pela beleza da luz da Provença numa manhã de primavera como pela elegância indesmentível de um trecho de Charlie Haden; podemos ser tão "formados" pela percepção da riqueza da cultura ocidental que enforma os direitos fundamentais, tal como são tratados no direito anglo-saxónico e romano-germânico dos nossos dias, como pela leitura de um texto de Durrell. Em suma, do meu ponto de vista, o que sabemose aquilo de que gostamos é o que nos dá a perspectiva. E isso não é "fatiável". Outras escritas O Prazer Inculto não percebe e, por consequência, não gosta, da Bomba Inteligente. É natural. As coisas são o que são, como dizia o saudoso Víctor Cunha Rego. AmAtA --------