Ainda o encontro Penso que só com o tempo e o "amadurecimento" do fenómeno blosgosférico se poderá fazer uma reflexão mais consistente sobre a sua natureza e, sobretudo, sobre a sua relevância dentro do universo mediático, enquanto novo suporte comunicacional e espaço de expressão de diferente natureza. Alguém disse, no encontro realizado no S. Luiz, que os blogues estariam para a imprensa como a televisão por cabo (especializada)está para a televisão hertziana (generalista). O paralelismo foi bem acolhido, mas parece-me que a questão central não é essa: a diferença não está só no tipo de intervenção que este meio permite, dotada de uma diversidade ilustrada à exaustão através da leitura de blogues como o Pipi (diletante) versus a Coluna Infame(engagé), ou a Papoila (que se acha engraçada) versus a Bomba Inteligente (que, além de graça, tem interesse); não é sobretudo na grande amplitude de conteúdos, nem sequer no tom de diário mais ou menos intimista que reside o objecto de reflexão, ou seja , na dimensãoformal e conceptual, considerada a nível interno; pelo contrário, o mais interessante prende-se com a diferença introduzida no próprio espaço público a partir da intervenção feita nos blogues que forem lidos do exterior e reconhecidos como espaços de comunicação relevante. Confesso que fiquei particularmente desiludida com o tom leve e impreparado da moderadora, Anabela Mota Ribeiro, que, de algumas entrevistas publicadas no DNa, me parecia profissional e mais elaborada; talvez tenha achado que a circunstância não mereceria maior empenhamento, admito. Para além do Nuno Guedes, que já mencionei, outros dois profissionais de informação e excelentes bloguistas praticantes tiveram intervenções curiosas: Pedro Mexia, pese embora um certo exagero na pose blasé , que talvez fosse escusado (se calhar não é defeito, é feitio...), e José Mário Silva . A insistência sobrea natureza das razões que levam José Pacheco Pereira a ter o seu Abrupto, durante o período de debate (durante o qual a moderadora só parecia interessada na forma como cada pessoa era ou não afectada na sua vidinha pelo facto de escrever num blogue,o que, convenhamos, é pouco motivador como tópico de discussão), deu lugar a uma observação curiosa por parte de um elemento da assistência: a razão será o facto de este meio poder vir a tornar-se um lugar significativo para a emissão de opinião, e o tomar lugar na blogosfera só abona a favor de quem, por esse meio,mostra que está atento aos sinais de evolução possível no fenómeno da comunicação. Foi muito pouco, mas certamente há-de haver mais e melhor. AmAtA --------