Buscar as palavras Quando as noites se aproximam do fim, as palavras precisas tornam-se escorregadias e escapam. Brincam connosco e é preciso trocar as que nos saiem dos lábios e se disfarçam na estrada breve do fumo dos cigarros que alimentam os mais impenitentes nefelibatas; é necessário pisar devagar os caminhos do que passou, do que nunca deixou de doer ou que se esqueceu porque já não somos nós. As almas mortas que temos dentro e que queremos sempre inexistentes são resistentes ao olhar dos vivos. Ana Roque --------