Do nome como metáfora Como
Do nome como metáfora
Como quase todas as mulheres da minha geração em Portugal (ao menos as que são ou foram casadas), disponho de um nome composto (dois nomes próprios),povoado por quatro apelidos, sem contar com as inefáveis partículas de ligação; escolhi duas dessas palavras quando precisei de uma designação para efeitos profissionais (publicar artigos e/ou livros com tal parafernália nominalista era pouco prático, e os alunos universitários, nos tempos que correm, ficariam exaustos só com o esforço de apreender o nome do professor...); a minha questão é: porque escolhemos os nomes que escolhemos (dentre os que temos)? Porque escolhemos para os outros determinados nomes e não outros (refiro-me, é claro, não só ao nome dos filhos, que são nossa enorme responsabilidade, como aos nomes por que tratamos os outros - o Zé Mário escreveu há pouco um post curioso sobre a forma como o seu nome é usado na blogosfera)? E a resposta é simples: por razões do foro de cada um. Quem quer explica-as, quem não quer cala-se a esse respeito.Ponto final.
Isto vem a propósito da questão levantada pelo prazer_inculto, contestando o uso de nicks na blogosfera, considerando-os uma forma de cobardia intelectual. Pensando nisso, acho que ninguém tem o nick para verdadeiramente se esconder, mas por um número razoável de outras razões, que até podem ser tão simples como o carácter lúdico dessa escolha. O nome do blog pode ser insuficiente se se tiver um outro blog profissional, por exemplo, para conseguir separar as águas da intervenção do modo que se pretende; e depois há sempre que respeitar as razões do outro: pode não ser , como suspeita P.C., para praticar actos de terror (os exemplos são a KKK e os bombistas, o que me parece claramente excessivo para comparar com as intervenções em blog). E deve deixar-se às pessoas a liberdade de darem a conhecer de si o que quiserem, sem por isso serem alvo das piores suspeitas. Tolerância e bom senso recomendam-se, em doses generosas.
AmAtA
(oh, my God, é um pseudónimo!; não faz mal - nada que a blogosfera não resolva: a quem interessar, ver www.direitoeconomia.blogspot.com;
aviso e contra indicações: ainda é mais soturno do que o Modus, como os círculos do Inferno!)
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Publicado em 4 de Junho de 2003