Concha(s) Dizia-me o meu amigo
Concha(s)
Dizia-me o meu amigo R. (que, atento e crítico, me lê com assiduidade) ter notado um certo "fechamento" no tom desde que regressei da "sabática", no princípio do mês; a troca de algum intimismo pela opinião face ao mundo exterior (a política, alguma coisa de música, um pouco mais sobre leituras) parece-lhe uma atitude diferente, mais prudente mas, ao mesmo tempo, reveladora de eventual fragilidade, protegida na concha de um silenciamento, embora relativo.
Não é, em bom rigor, disto que se trata; acontece é que o tom encontrou alguma pacificação, algum equilíbrio entre interior e exterior, que permite olhar o circundante com interesse e serenidade, sem deixar de expressar, em breves frases ou em mais longas respirações, o que está dentro. Ao fim e ao cabo, sempre foi desta troca que se fez o modus vivendi.
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Publicado em 29 de Outubro de 2003