Conhecimento(s) Ontem, ao fim da tarde, foi apresentada (não gosto muito da palavra "lançamento", que me parece melhor para dardos ou pesos do que para livros...) a obra Conhecimento prudente para uma vida decente (ed. Afrontamento), organizada por Boaventura Sousa Santos, o sociólogo visível, e constituída por numerosos artigos de cientistas nacionais (caso, por exemplo, de João Caraça e de Francisco Louçã, aliás presentes na ocasião) e estrangeiros (como Stephen Toulmin, autor de Cosmopolis e Return to reason , editados pela Harvard University Press). O título, a meu ver de um mau gosto atroz, pelo tom moralista, não é propriamente apelativo, mas quem está por fora das "capelinhas" pode dar-se ao luxo de evitar preconceitos e dar uma espreitadela no que aparece de novo. E a verdade é que as palavras iniciais, proferidas pelo físico Alexandre Quintanilha, foram interessantes porque tocaram na essência da questão comunicacional: a linguagem das humanidades é diversa da que é usada no âmbito das ciências (ditas) exactas, mesmo quando os conceitos são aparentemente os mesmos - o seu entendimento é que será sempre outro. Também a chamada "guerra da ciência", desencadeada a partir da denúncia das chmadas imposturas intelectuais (pseudo uso de conceitos fora do seu contexto de validade) foi referida, sobretudo como um momento já ultrapassado na actualidade, em que se regressa `"razoabilidade" e ao debate epistemológico. Conceitos nómadas ou interacção conceptual? Talvez a leitura de algumas contribuições ajude a perspectivar melhor esta fase da sociologia da ciência, se não da própria epistemologia. --------