Outro olhar Bem sei que é bastante importante, nos dias que correm, estar atento ao que se passa dentro destas quatro linhas invisíveis, onde política, justiça, ética e comunicação social têm contribuído com grande proficiência para a maior e mais confusa amálgama de informações e comportamentos públicos que se possa imaginar. Mesmo assim, foi muitíssimo agradável poder dirigir a atenção para outros temas e ouvir algumas das contribuições hoje levadas à Fundação Gulbenkian, a propósito das relações UE/EUA. Na sessão dedicada à matéria económica e financeira (moderada com simplicidade por Vítor Constâncio), que, por ossos do ofício, segui na íntegra, salientaram-se o rigor e a clareza expositiva de Randall Henning (Georgetown University) e a objectividade estatística de Guillermo de la Dehesa (PE). Mas o ponto alto coube ao humor muito british de Samuel Brittan, colunista no Financial Times e autor de ensaios como Capitalism with human face (1995) e Moral, political and economical (1998). Em qualquer caso, e embora partindo de ângulos de observação diferenciados, a conclusão foi unânime: há um efectivo e relevante atraso económico da Europa face aos Estados Unidos, e o envelhecimento acentuado da população europeia, mesmo que moderado pelos imigrantes, só vai acentuar o fosso nos próximos anos. Os americanos trabalham mais horas, mais dias por ano e produzem mais do que os europeus. Este facto não mostra sinais de inversão e a Europa deve repensar o seu modelo social tendo em conta a realidade demográfica e a atitude da população face ao processo produtivo. Otherwise... --------