Liberdade de expressão Sem surpresa, pela reconhecida qualidade da autora, li um oportuno texto da Charlotte , acerca da liberdade de expressar o que se pensa na blogosfera, incluindo, naturalmente, a garantia de poder reagir a eventuais insultos, chegados por correio electrónico ou publicados noutros blogues. O post em causa acaba por ser um pequeno manifesto auto-regulatório, indiciador daquilo que todos apreciamos sobremaneira neste espaço: a sua liberdade faiscante, as imensas possibilidades de comunicação (de tudo e a todos) que encerra, a ausência de qualquer hetero-regulação (ao contrário do que sucede no âmbito da comunicação social clássica que, no caso português, está sujeita aos poderes de supervisão de uma entidade que, aliás, pelo seu desprestígio e irrelevância material, torna ainda mais ridículo o sonante nome que ostenta - Alta Autoridade...). No entanto, a blogosfera não se deve considerar, pela desterritorialização, imune ao primado da lei: essa é, a meu ver, a realidade que a torna um espaço mais aberto e frontal de exposição de ideias, partilha de gostos, aprofundamento de vivências diversas: a injúria e a difamação, previstos e punidos no Código Penal, se cometidos na blogosfera, não passam, por via do meio, a comportamentos aceitáveis ou juridicamente inatacáveis, mesmo se o anonimato for isado como máscara para a segura perpetração da ofensa. A ductilidade ética pode ser diferente, mas a moldura última é a mesma: sem censura de qualquer foro (prévia ou a posteriori), a não ser a que cada um a si mesmo se impõe, com inteira liberdade temática, formal, sem regulação institucional, a blogosfera não é, por isso, um espaço caótico e primitivo, mau grado a tecnologia; pelo contrário, deve ser o palco da nossa incontestável maturidade, a afirmação do civismo em plena liberdade. --------