Mote para um dia igual Bem que a martírios tu me tens sujeito devo-te muito e te sou grato, Amor: com nobre chaga me rasgaste o peito, e o coração me deste a um tal senhor, de tão excelso e de tão vivo aspeito, na terra imagem do divino autor. Pense quem quer que é ímpio o meu destino, se morro esp'rança e vivo desatino. Contenta-me alta empresa; e quando o fim clamado me escapara, e em tanto arder minh'alma se gastara, basta que seja nobremente acesa, e que eu mais alto ascenda e do número ignóbil me defenda. Giordano Bruno (1548-1600), trad. Jorge de Sena, in Rosa do Mundo, ed. Assírio e Alvim. --------