O jogo (ou a vida refém num casino invisível) Faites vos jeux. Há formas de vida que são jogos onde a perversidade das regras aprisiona toda e qualquer claridade. Viciantes, criam em quem se envolve na teia de apostas a precária ilusão de poder ganhar na parada seguinte, de poder iluminar sob um inesperado clarão a viela tortuosa da promiscuidade, o que nunca acontece. A única forma de não ser levado à mais completa bancarrota é conseguir jogar um outro jogo, menor e diferente, dentro daquele; criar um desafio contra si mesmo, traçar um qualquer caminho de superação que permita, ao menos, conhecer-se melhor e aprender a dominar as emoções, até deixar de as sentir realmente. É pouco, muito pouco. Mas nada além disto se consegue atingir. Qualquer expectativa é uma aposta dobrada, o percurso ainda mais rápido para a ruína do desespero. Saber isto é o único prémio de consolação. Pouco, mesmo muito pouco. Les jeux sont faits. --------