Perguntas sem resposta (como quase
Perguntas sem resposta
(como quase todas as que contam)
"O acaso fez-me naufragar na sua ilha, o acaso lançou-me nos seus braços. Num mundo onde reina o acaso, existe o melhor e o pior? Rendemo-nos aos braços de um estranho ou lançamo-nos às ondas; por um escasso segundo a nossa vigilância repousa; estamos adormecidos; e quando acordamos, perdemos a direcção das nossas vidas. Que escassos segundos são estes, contra os quais a única defesa possível reside numa vigilância eterna e desumana? Não seriam eles as fendas e as lacunas através das quais uma outra voz ou outras vozes nos falam? Estas questões ecoavam na minha cabeça sem resposta."
J. M. Coetzee, in A ilha, trad. Marta Morgado, 2ª ed., Dom Quixote.
--------
Publicado em 20 de Novembro de 2003