Presente desperto Ode Não consentem os deuses mais que a vida. Tudo pois refusemos, que nos alce A irrespiráveis píncaros, Perenes sem ter flores. Só de aceitar tenhamos a ciência, E, enquanto bate o sangue em nossas fontes, Nem se engelha connosco O mesmo amor, duremos, Como vidros, às luzes transparentes E deixando escorrer a chuva triste, Só mornos ao sol quente, E reflectindo um pouco. Ricardo Reis, in Simbolismo, saudosismo e modernismo, Ed. Quasi. --------