Presente desperto Ode Não consentem
Presente desperto
Ode
Não consentem os deuses mais que a vida.
Tudo pois refusemos, que nos alce
A irrespiráveis píncaros,
Perenes sem ter flores.
Só de aceitar tenhamos a ciência,
E, enquanto bate o sangue em nossas fontes,
Nem se engelha connosco
O mesmo amor, duremos,
Como vidros, às luzes transparentes
E deixando escorrer a chuva triste,
Só mornos ao sol quente,
E reflectindo um pouco.
Ricardo Reis, in Simbolismo, saudosismo e modernismo, Ed. Quasi.
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Publicado em 3 de Novembro de 2003