Puro engano A chuva, em
Puro engano
A chuva, em ruidosas vagas de cinzento, esconde do meu olhar a outra margem do rio, o brilho mortal das cúpulas de brancas catedrais, as torres desmedidas, como pirâmides à medida de um arquitecto pobre. Puro engano trazido pelo vento de oeste que assobia nas minhas janelas povoadas de gaivotascúmplices: o sol brilha dentro dos meus olhos, e a cidade invisível cabe toda no meu peito aquecido pelo sol dourado, varridas as nuvens pelo sopro quente do anjo.
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Publicado em 9 de Novembro de 2003