Da permanência (soneto favorito, noutra versão) Não haja impedimentos à união de almas fiéis; amor não é amor se se alterar ao ver alteração ou curvar a qualquer pôr e dispor. Ah, não, é um padrão sempre constante que enfrenta as tempestades com bravura; é estrela a qualquer barco navegante, de ignoto poder, mas dada altura. Do Tempo o amor não é bufão, na esfera da foice curva em bocas, róseos rostos; com breve hora ou semana não se altera e até ao julgamento fica a postos. E se isto é erro e em mim a prova tem, nunca escrevi e nunca amou ninguém. Shakespeare, trad. Vasco Graça Moura, ed. Bertrand, 2002. --------