Outro poema Cortesia de Maria
Outro poema
Cortesia de Maria Helena Roque
Há na intimidade um limiar sagrado,
encantamento e paixão não o podem transpor -
mesmo que no silêncio assustador se fundam
os lábios e o coração se rasgue de amor.
Onde a amizade nada pode nem os anos
da felicidade mais sublime e ardente,
onde a alma é livre, e se torna estranha
à vagarosa volúpia e seu langor lento.
Quem corre para o limiar é louco, e quem
o alcançar é ferido de aflição...
Agora compreendes porque já não bate
sob a tua mão em concha o meu coração.
Anna Akhmátova, Só o sangue cheira a sangue, Lisboa, Assírio e Alvim, 2000.
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Publicado em 16 de Abril de 2004