Da cidade que brilha (do que não se extingue) O Porto é uma cidade onde entro com saudade. Uma cidade onde estive mas nunca vivi, onde tenho memórias depositadas a render juros certos. Quem me mostrou as mudanças nas duas margens daquele rio forte e estreito (tão diferente do meu, que é amplo a fingir-se mar mesmo antes de lá chegar, com veleiros que sobem e o enfeitam, a cidade longe para se fazer mais desejada e esquiva, deitada em branco e rosa), quem me levou por aquelas ruas antigas onde o quartzo e a mica deslumbram de repente e se escondem logo de seguida, em horas doces e rápidas, tem a luz nos olhos, a luz que hoje me ampara na incerteza deste caminho depois. Quem me dera ter sabido mantê-la perto quando o tempo era possível. --------