Cristal ou diamante? Amava a liberdade e só percebia o amor que a reforça e amplia; prestava culto à inteligência, ainda mais do que à informação adquirida a que se chama cultura (embora esta fosse sempre spicy aos seus olhos); dava importância ao prazer e aprendera a colhê-lho em muitas e variadas fontes, corpóreas e incorpóreas, físicas e espirituais. Não seria muito comum e nunca queria o que era simples, mas a verdade é que não sabia ser diferente, mesmo quando o preço a pagar se tornava elevado (e assim tinha sucedido com frequência). Mas, no meio de tanta força e certeza, lá estava, brilhante e intocável, a fragilidade maior, a dúvida antiga e profunda: como seria o amor? Como seria quando existia de modo pleno, total, recíproco, de forma livre e exclusiva? Como seria contar com alguém para se expandir, como seria ter absoluta confiança nessa dimensão própria que floresce noutra pessoa, e ser, de modo idêntico e especular, depositária dela? Se um dia soubesse... --------