De natura A (sua) natureza
De natura
A (sua) natureza tendia a exigir-lhe o cometimento de grandes amores, arrastados no tempo, serpenteando ao longo de anos largos, exclusivos no empenho, absolutos no mapa da alma. Amores dramáticos, mas nunca trágicos, temperados no lume brando dos dias com outras cores, amores não letais, com a saída de segurança piscando sempre, bem assinalada, embora evitasse escapulir-se por lá até ao (seu) limite, mesmo quando o desânimo e o bom senso apontavam o caminho. Vivia sem prudência naquele labirinto sério, mas nunca ao ponto de se perder de si. Não se resignava à mágoa e sonhava cada vez menos.
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Publicado em 18 de Agosto de 2004