Noite (febre, ou da memória distante) Na minha noite, ai, tão curta, o vento está prestes a encontrar-se com as folhas das árvores. Na minha noite, tão breve, e plena de uma angústia devastadora. Ouve! Ouves o sussurro das sombras? Habituada ao desespero, olho ao longe esta felicidade, criei hábito no desespero. (...) Um segundo. Depois nada. Atrás desta janela, a noite treme e a terra deixa de girar. Atrás desta janela, qualquer coisa desconhecida está suspensa de mim e de ti. Ah, tu, verde dos pés à cabeça, coloca as tuas mãos, essas memórias escaldantes, nas minhas mãos amorosas. E entrega os teus lábios, como um quente arrepio de vida, à carne dos meus lábios amorosos. O vento levar-nos-á. Forough Farrokhzad --------