Para tudo há um antes e um depois. Mesmo a maior alegria passa e esconde-se num recanto da memória. Mesmo a maior das dores extinguir-se-á, certeza impossível. Quem sentiu a voluptuosa alegria desaparece no esquecimento. Quem viveu a dor conhece o alívio de se dissipar em pó. Em cada momento, conserve-se a lucidez de o ver como um minúsculo grão de areia a escorrer sobre a pele. Entre o antes que ainda lateja e o depois que não se avista. Na penumbra, zona tormentosa entre o olhar que se recorda ainda e o brilho que já se começa a perder.
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Banal & Inexorável (como o
Banal & Inexorável
(como o sangue que corre)
Publicado em 15 de Setembro de 2004