Lua(s) 2
E hoje, passaram cinco dias ou cinco meses, que a alma não conta o tempo com a sujeição dos mortais, e a lua está cheia, dourada, plácida e promissora, a chamar por alegrias que, juradas, foram sempre adiadas e acabaram esquecidas no tráfico das pequenas compensações de substituição. O simulacro nunca resiste ao terrramoto da realidade, à fragilidade insone da angústia, ao cansaço do desgaste onde deixou de soar a música fácil do riso. E a lua vem, e limpa os vestígios de uma sombra que ainda paira, e deixa adivinhar outras noites, outras luzes. Talvez.
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