Lua(s)
A noite era ainda calma, quente, suave, fingindo o verão que já tinha partido. A lua crescia lenta e inexorável, espelho exacto de uma esperança que voltava a inundar-lhe a alma, depois de lhe ter deixado no corpo a marca dolente de um regresso desejado sempre. De repente, como uma tempestade tropical, um furacão louco e imprevisível, sem se saber vindo de onde mas moldado no fogo mortal do medo, tomou-a como uma nuvem, um desalento, um despropósito, uma revolta. E matou o que era mortal, tornado cadáver exposto ao sol incerto da manhã seguinte.
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