Não são meros produtos de um wishful thinking desejoso de paz, nem podem ser desligados da acção, própria e (ou) alheia, mesmo que nascida de um mero impulso aparente e tão inesperado como virulento; são pontos de bifurcação onde avulta o que não pode ser de outro modo, onde a escolha existe, mas só entre o que foi e o que podia ter sido (que, como dizia Eliot, não faz, a final de contas, diferença nenhuma). A viragem atira-nos, num movimento centrífugo, para fora do que não pode ser, e deixa-nos como náufragos, estendidos e sufocados na praia da realidade absoluta. Daí para a frente, é só respirar fundo, recobrar as forças aos poucos, limpar os olhos de águas incómodas que distorcem a paisagem, sacudir a areia e continuar o caminho. Para onde, o futuro dirá. E, em bom rigor, importa menos do que parece à primeira vista.
--------
Momentos de viragem (destino manifesto)
Momentos de viragem
(destino manifesto)
Publicado em 26 de Setembro de 2004