Precisava pedir ao Outono, acabado de chegar trazendo-lhe de volta o ouro supremo do amor, que lhe ensinasse a doçura dos dias amenos, a suavidade das chuvas vindouras, a humidade macia das noites ainda límpidas, a reverberação de uma luz dourada e descendente. Queria pouco mais de um Setembro generoso, que já a premiara com o fim de um caminho quente e quase desabitado, onde somente tinha deixadoespaço a quem pertence por dentro, um lugar cativo para quem lhe é mais precioso do que o sopro da vida. Enquanto desejava uma resposta do tempo, procurou o trilho das gaivotas em manhãs luminosas, tocou ao de leve o mar que sempre conheceu, e esperou , em silêncio pacificado e inconstante. E a resposta veio, com sinais de fogo, despedida do Verão, promessa clara de outra estação mais doce.
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Outono Precisava pedir ao Outono,
Outono
Publicado em 23 de Setembro de 2004