Passos
Pensou que nada mais podia fazer. Tinha que prosseguir a marcha, lenta e um pouco dormente.O ar fechava-se sobre os seus ombros direitos e só era possível caminhar sem retorno. Não havia por onde recuar, mesmo que as palavras brilhassem ainda como estrelas e o mapa da memória estivesse quase intacto no fogo do olhar. Voltava-se,como se sonhasse, e o vazio tinha devorado todas as marcas, todos os trilhos, todas as esperanças, como vento frio a soprar durante um ano inteiro. Os seus passos, tantos e tão fundos, tinham desaparecido num chão de vidro onde nenhuma pegada era visível.
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