O tempo de antena do Governo, a cargo do personagem cada vez mais desajustado ao papel que faz de PM, foi uma completa simetria entre forma e substância: o cenário cheio de mais, sobrepovoado de adereços como um altar barroco, o homem com olhares de esguelha de actor cabotino e gestos de falsa naturalidade a sublinharem a ausência de convicção; o discurso cheio de substância eleitoralista fora de época (será?), as promessas contraditórias e impossíveis, a não ser com outros custos, não mencionados, para a classe das eternas vítimas - os trabalhadores por conta de outrem (descer o IRS e aumentar as pensões, por um lado, e continuar a controlar o défice das contas públicas abaixo dos 3%, por outro).
O império do vazio, disfarçado de comunicação, ainda por cima intempestiva: a que propósito falar de medidas consagradas no OE antes da entrega do documento na Assembleia da República?
Nota: Sobre a insólita forma de difusão da mensagem (gravada e "espalhada" segundo critérios que não têm qualquer rigor de Estado, mas antes uma lógica negocial própria de vendedores de imagem), já aqui está tudo.
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