Nota sobre a amizade (para a Carla, ela lá sabe porquê)
A amizade, às vezes, limpa-nos os cantos da vida. Não tem que ser muito antiga, nem de convivência diária. Basta que exista. Onde ainda há restos, memórias que se escondem e teimam em brilhar no escuro, falsas e espectrais, vem a luz certa da amizade, da franqueza, da honestidade, e dá uma ajuda ao tempo, que trata sempre esses fiapos da existência mas teima em demorar mais do que a conta. A amizade prefere a verdade nua e crua, mesmo incómoda, sem mantos diáfanos de ilusão. É isso que não tem preço. É a candeia que ilumina as teias enganosas que restavam na penumbra. A luz entra melhor assim.
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