Pathos
Uma amiga de muitos anos, sincera, dedicada e tão subtil como um carro de assalto, fez-me chegar um livro,* que parece estar a vender razoavelmente, de uma psicóloga norte americana (tinha de ser...) que se tem dedicado ao estudo e terapia de uma patologia singular e de género: a senhora estuda e trata mulheres que (pasme-se!) amam demais (ou seja, não amam: desamam-se a elas próprias até um ponto difícil de entender). Não faço a menor ideia por que é que uma pessoa que era suposto conhecer-me veio com semelhante assunto, mas enfim, lá li, com algum recurso à diagonal, porque a coisa não me faz muito sentido. Realmente, como é que podem gastar-se quase 400 páginas com a análise ilustrada do "comportamento de milhões de mulheres que voluntariamente escolhem para companheiros homens cruéis, indiferentes, abusadores, emocionalmente indisponíveis, com dependências, ou que, por quaisquer outros motivos, sejam incapazes de manifestar amor ou ternura"? Ainda por cima, a autora diz que a negação agrava a disfuncionalidade! Ele há cada uma...
*Robin Norwood, Mulheres que amam demais, ed. Sinais de Fogo.
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