Dificuldade da razão prática: onde é que termina a utilidade marginal de proceder a um expurgo sistemático da raiva, mesmo que sob a forma de reflexão sobre a dor passada (ou a frustração mantida longos anos), e começa um ritual que impede a cicatrização? Quando é o momento certo para, sem esquecer o passado, deixar de o revolver com o espírito intenso? Como distinguir a catarse indispensável do culto à antiga prisão? É esse ponto de viragem que não se pode perder de vista, sob pena de não dar lugar ao novo e assim arrastar um cadáver consigo, peso inútil que impede a leveza da promessa contida em cada dia. Cuidado, digo-me.
Procura (ou do justo equilíbrio)
Procura
(ou do justo equilíbrio)
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Publicado em 26 de Outubro de 2004