Assensio
Estar fora de si, é, para a maior parte de nós, uma alienação breve, súbita e esporádica. Quase sempre, é um estado impetuoso, provocado por uma explosão de raiva ou desespero, com ou sem razão objectiva, fundamentada e pertinente, dependendo bastante do temperamento e da conjuntura. Desejavelmente, acontece poucas vezes na vida, deixando-nos surpreendidos e estranhos mal passa.
Estar dentro de si é mais do que o simples oposto porque admite muitos graus de concordância, desde a construção inicial até à plenitude, ao equilíbrio, à desejável harmonia entre quem se é e como se vive. Tomar posse de tudo o que somos é dominar um mundo vasto e complexo, que vai do que é consciente e controlado até ao inesgotável domínio do que lhe escapa, ou do que é racional, ordenado, rigoroso e lógico até ao que é caloroso e rebelde, impulsivo e emocional. Esta é uma tarefa hercúlea e indelegável, permanente e muitas vezes pouco gratificante ou mesmo aparentemente inglória. Mas é também indeclinável se a liberdade éo objectivo último e a dignidade é o manto em que queremos envolver-nos. Requer constância, determinação e uma dose generosa de coragem. Não há sucedâneos no mercado da vida.
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