Da posse
Usava o corpo com o cuidado de quem veste uma roupa emprestada, tratava-o com gentileza e concedia-lhe até alguns devaneios. Parecia mesmo seu, sentia-se à vontade nele e a vaidade ajudava ao prazer; nunca o indispunha demasiado, e ele retribuía dando poucas maçadas. Mas às vezes, quando julgava poder expô-lo a um olhar outro, ainda que de forma breve e à superfície hermética da pele, via que era simplesmente impossível ceder o que não lhe pertencia.
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