Por circunstâncias diversas, nos últimos tempos o Modus tem-me sido, sobretudo, uma "parte do problema", em vez de oferecer "parte da solução" (garantida, aliás, pelo mero decurso do tempo, salvífico em muitas matérias). Mea culpa, bem sei: a entropia, a curiosidade, o perigo de uma certa 'promiscuidade' contemplativa e comunicacional (quando não em sentidos mais literais), a fuga olhando sobre o ombro, o regresso, a(s) partida(s) - tantos movimentos invisíveis, tantas "paixões da alma" que aqui foram acolhidas, expostas, revividas no espaço incorpóreo onde a tentação da imprudência e alguma insensatez congénita actuaram vezes de mais, sob a complacência do vivendi e alguma falta de modus. Quando, há pouco tempo, alguém deixou a blogosfera para viver em pleno, entendi perfeitamente essa necessidade, conforme escrevi então. Além de tudo o resto, fui avisada, em tempo e por quem, para mim, tudo sabia e podia, que, um belo dia, melhor seria fechar o Modus, ainda que, por amor à escrita episódica e torrencial, me mudasse, incógnita, para outro lugar. Nunca o quis fazer, e também não é desta. O Modus vivendi vai apenas fazer umas férias, muito embora experimentais, para quebrar rotinas pouco saudáveis e pôr em sossego a persona. Se possível, será por pouco tempo, somente o estritamente necessário para criar distanciamentos vários, cortar hábitos um pouco masoquistas de visita sistemática, fechar portas do passado (portas grandes, portões de palácios, e portas pequenas, de serventia, muito mal usadas, diga-se), e abrir as do presente, que já espera. Assim, com a casa cheia de memórias e ruído, não há espaço para outras dimensões, outro sentir. Para experimentar a vida no presente, sem angústia, sem recordação. Sem esperança nem medo, na medida do possível. Volto já (ou então não).
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Publicado em 11 de Novembro de 2004